Laranja baiana é protegida por "barreira ecológica"


Plantadores de laranjas em todo o país estão em alerta permanente contra pragas, especialmente a HLB, a mais letal entre elas, que dizimou 35 milhões de laranjeiras em São Paulo e já atingiu plantações no Paraná e em Minas Gerais.
 
O engenheiro agrônomo especializado em fitomelhoramento Orlando Sampaio Passos costuma dizer que o fato de a doença não ter atingido os laranjais da Bahia se explica pelo trabalho de 50 anos de pesquisadores no estado, que criou uma espécie de barreira ecológica, e "ao Senhor do Bonfim!", diz ele, brincando.
 
Germoplasma
A Embrapa de Cruz das Almas possui a segunda maior coleção do banco de germoplasma de citros do Brasil (a primeira fica em Cordeirópolis - SP). São 750 acessos ou variedades, fruto de um trabalho de cinco décadas, a partir da seleção de 98 acessos.
 
"Devido a doenças transmitidas por insetos em São Paulo, passamos a cultivar aqui citros de forma híbrida, numa área de quase 10 mil m², com cruzamentos que resultaram em acessos com maior produtividade e sanidade, também chamadas de plantas elite", diz o pesquisador, que trabalha nesta área desde os anos 1950.
 
Em São Paulo, para manter a produtividade é necessário investir entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil por hectare ao ano nos cultivares de laranja. Os altos custos para manter uma lavoura sadia estão afastando da atividade pequenos e médios agricultores.
 
Pesquisadores de todo o país participaram de uma reunião técnica, no final de outubro, na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas (a 146 km de Salvador), onde se discutiu o panorama nacional, as pesquisas em andamento para combate o mal e buscaram as soluções para os problemas que atingem os produtores de laranja e dos demais frutos cítricos.
 
Diversificação
 
Dia 3 de dezembro, será lançada a Embrapa Natal 112, com excelentes características. "Os pesquisadores trabalham muitos anos para obter espécimes mais resistentes e produtivos, nem sempre aceitos pelo produtor".
 
Orlando Passos explica que, em citros, o grande segredo para manter a saúde da plantação é a diversificação. Na Bahia, diz, o produtor prefere a laranja-pera, mas esta uniformidade foge desta regra fundamental, finaliza.

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