Chuva traz vida nova ao "Velho Chico"

Não só no leito do Rio São Francisco, mas também em todos os seus afluentes em Minas Gerais e na Bahia vem chovendo forte nos últimos cinco dias, fazendo com que o volume de água nos principais reservatórios responsáveis por mais de 60% da geração de energia para a Região Nordeste, volte a subir. O risco de racionamento  no abastecimento de água ainda não está descartado, mas a continuidade das chuvas traz otimismo para os gestores da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
 
Somente da última terça-feira até ontem, o volume de água acumulado no Lago da Barragem de Sobradinho, a maior do Nordeste e que sozinha responde pela geração de 62% do sistema hidrelétrico da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco)s últimos quatro dias, passou de  2,66% para 3,49%, com uma afluência (entrada de água no lago da barragem) de 1.500 metros cúbicos por segundo. Na última terça-feira essa afluência era de 1.370 metros cúbicos por segundo. Já Três Marias, no Norte de Minas gerais, passou de 11,06% para 14,29%, e Itaparica, na divisa da Bahia com Pernambuco, de 18,28% para 21,98%  em três dias.
 
Nas nascentes e leitos dos principais afluentes do Rio São Francisco na Bahia também tem chovido intensamente nos últimos dias, conforme os dados do Instituto do meio Ambiente da Bahia  (Inema).  O Rio Grande, o maior deles, que Bahia, que atravessa boa parte do Extremo Oeste até desaguar no velho Chico, subiu 2,4 metros de janeiro até agora. Somente ontem ele teve uma elevação de 75 centímetros por conta da grande quantidade de chuva ao longo do seu leito.
 
 O local onde o Rio Grande deságua fica próximo à entrada do Lago de Sobradinho, e o rio é o último afluente perene do São Francisco até a sua foz, no Oceano Atlântico, na divisa entre os estados de Alagoas e Sergipe. O Rio  Grande nasce na divisa da Bahia com o Piaui e deságua no leito do São Francisco, na cidade de Barra.
Mais chuvas
O presidente do CHBSF, Anivaldo Miranda, disse que a boa notícia é que tem chovido acima da média nas cabeceiras do São Francisco e o seu principal afluente, o Rio das velhas, também acumula vazões elevadas. “Contudo, não há a menor hipótese de a curto prazo se alterar a vazão do lago de Sobradinho. É preciso acumular água e só então se e4studar quais medidas deverão ser adotadas. E isso a gente só vai avaliar com precisão a partir de março”, disse.
 
Previsões feitas pelos principais institutos de meteorologia no País indicam que nos próximos dias, que inclui o final de semana, o te,mpo continuará chuvoso na maior parte da Bahia, principalmente na região Oeste do Estado. Isto porque, a Zona de Convergência do Atlântico Sul, que já vem atuando há vários dias continua mantendo o céu encoberto e chuvoso em todo o Estado. A Zona de Convergência é caracterizada por uma extensa faixa e nebulosidade que atua desde o sul da Amazônia até o Sudeste e parte do Nordeste brasileiro.
 
As regiões onde esse sistema meteorológico influencia o tempo com maior intensidade são o Oeste, São Francisco, Norte, Chapada Diamantina, Sudoeste e Sul, onde estão previstos eventos de chuvas com intensidade moderada. No entanto, os maiores acumulados de chuvas deverão se concentrar no Oeste e São Francisco, podendo estas vir acompanhadas de trovoadas, típicas do verão.
 
Por outro lado, para as regiões Nordeste e Recôncavo, são os ventos úmidos vindos do Oceano Atlântico quem ainda permanecerá influenciado o tempo, deixando o céu nublado a parcialmente nublado com chuvas fracas. Porém, não se descarta a possibilidade de ocorrer chuvas mais expressivas, principalmente, nas localidades mais próximas ao litoral. Em Salvador e Região Metropolitana, mesmo com as chuvas, as temperaturas continuarão elevadas, variando entre  24°C e  33°C. 
 
Rios sobem em todo vale do São Francisco
 
Com as fortes chuvas que vêm caindo em todo o Oeste Baiano e ao longo do Vale do São Francisco, a Barragem de Sobradinho se afasta do Volume Morto e já chega a 3,49%. Mais importante, contudo, é que os principais afluentes do Velho Chico na Bahia – Rio Grande, Rio Corrente e Rio Carinhanha – também registram vazões elevadas por causa das chuvas.
 
Nas nascentes do Velho Chico, no Norte de Minas gerais, após dois meses de seca, voltou a brotar água da nascente principal do rio São Francisco, situada no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. A informação foi divulgada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O ICMBio é uma uma autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). Segundo a nota do órgão, a intensidade das chuvas registradas nas últimas semanas contribuiu para a recuperação do volume de água e normalizou a situação, após longo período de estiagem, considerado um dos maiores da região nos últimos 30 anos. A descoberta ocorreu após nascentes menores da região, também chamadas de olhos d’água, voltarem a jorrar. 
Rio Corrente
Ele atravessa as cidades de Correntina e São Felix do Coribe. E Santa Maria da Vitória. É o segundo afluente do Rio São Francisco na Bahia. Nos últimos quatro dias subiu1,1 metro, graças ás chuvas e aos afluentes Rio do Meio e Arrojado.
Rio Grande
Principal afluente do São Francisco na Bahia, subiu 2,4 metros  nos últimos quatro dias, atingindo 2,6 metros até ontem.
Rio Preto
Afluente do Rio Grande, chegou a 2,09 metros na cidade de Mansidão, por onde passa.
Rio das Fêmeas
Afluente do Rio Grande, em Barreiras, tinha subido 3,75 metros em São Desidério
Volume dobra ao longo do leito
 Com o acúmulo de água, proveniente das chuvas ao longo do seu leito, e com a contribuição das águas vindas dos seus principais afluentes, o Rio São Francisco. O professor Mário de Miranda, meteorologista da Universidade Federal da Paraíba (PB) e professor do Colegiado de Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), no campus Juazeiro (BA), disse que com a continuidade das chuvas, a tendência é quer a vazão do Rio São Francisco dobre nos próximos 35 dias.
 
Ele se baseia no fato de que a vazão do Rio São Francisco em Minas Gerais é de mais de 3.500 metros cúbicos por segundo, enquanto na Bahia está passando 1.500 m3/s. Isso é resultado das fortes chuvas que estão ocorrendo na bacia do Rio São Francisco. Some-se a isso ao fato de que além da água que vem do Norte de Minas Gerais, tem chovido bastante nas cabeceiras dos rios Grande, Corrente e Carinhanha, importantes  afluentes na Bahia, além de municípios no entorno do vale e do Lago de Sobradinho, como, como Juazeiro, Petrolina, Casa Nova, Uauá, Canudos, Curaçá , Remanso e Sento Sé.

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