Nos dias que correm, são raras as crianças que não
têm um smartphone, um tablet, um console, um relógio inteligente. Ainda
antes de conseguirem pronunciar corretamente a primeira frase, eis que o
‘dedinho’ faz já scroll nas mais variadas aplicações instaladas e nos
inúmeros vídeos de desenhos animados que o YouTube disponibiliza. As
crianças parecem já nascerem ensinadas a mexer em novas tecnologias, mas
isso tem consequências bem mais graves do que a maioria dos pais
pensa. Apesar do uso de dispositivos móveis ser uma constante ao longo
do dia, é à noite que o impacto parece ser mais nocivo na saúde das
crianças. O alerta é dado pela Universidade King’s College, em Londres.
Após ter analisado mais de 152 mil crianças e jovens entre os seis e os
19 anos e oriundas de vários países, os cientistas britânicos concluíram
que o uso de gadgets à noite não só prejudica a qualidade do sono, como
pode mesmo servir de trampolim para patologias como a obesidade e a
depressão infantil. O processamento da memória fica limitado e o risco
de mau comportamento e incapacidade de manter a atenção é também uma
realidade.Na prática, destaca a BBC, o estudo notou ainda que o
‘simples’ uso de um celular todas as noites antes de dormir é suficiente
para enfraquecer o sistema imunológico e para deixar as crianças e os
jovens à mercê de um crescimento atrofiado. A longo prazo, o uso diário
deste tipo de equipamentos à noite é ainda capaz de interferir com os
bons níveis hormonais, sendo que baixa consideravelmente a produção de
três das mais fundamentais: melatonina (que prepara o corpo para o
sono), leptina (que promove a sensação de saciedade) e GH
(hormônio libertado durante o sono e que estimula o bom crescimento).
Por seu turno, se os níveis destes hormônios caem, a produção de
cortisol (hormônio do estresse) sobre consideravelmente, comprometendo
não só a estabilidade emocional, como deixando também a criança e o
jovem à mercê de estados de ansiedade e nervosismo. Além disso, os
elevados níveis de cortisol estão ainda associados a um aumento dos
marcadores inflamatórios, podendo dar origem a uma infinidade de
doenças.
Um dos grandes culpados para o efeito negativo que os
dispositivos móveis têm na saúde das crianças e jovens (e dos adultos
também, sejamos honestos) é a tela e a luz que este emite. Dizem os
investigadores do King’s College que a luz e os estímulos por ela
emitidos deixam o cérebro em estado de alerta quando, na verdade,
deveria estar ‘calmo’ e preparado para dormir. Mas não só: a intensidade
da luz – a ‘luz azul’ - é capaz de interferir com o relógio
circadiano (desregulando os hormônios e o bom funcionamento do
organismo) e dificulta a capacidade de adormecer facilmente. Como não
poderia deixar de ser, o tipo de conteúdo que a criança e o jovem
assiste antes de dormir pode também afetar a boa qualidade do sono,
estando mais do que provado de que as redes sociais estimulam a
ansiedade e os sentimentos depressivos, até mesmo nos adultos. (Notícias
ao Minuto)
0 Comentários