Black Friday deve movimentar mais de R$ 92 milhões na Bahia em 2018

A Black Friday, evento tradicional dos Estados Unidos, que já entrou no calendário de final de ano no Brasil como termômetro para as vendas do Natal e que ocorre nessa sexta-feira (23), deve movimentar na Bahia R$ 92 milhões em 2018. A estimativa de vendas é da própria organizadora da Black Friday. No Brasil, o evento deve promover a realização de mais de R$ 2,5 bilhões em negócios, sobretudo relacionados a eletroeletrônicos.

É um aumento de 19% em relação a 2017. Na Bahia, de acordo com o Sindicato dos Lojistas e a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas, as vendas de novembro devem ser elevadas em 3% por causa do evento, isso porque ainda há muitos lojistas que não participam diretamente. É o caso de comerciantes da Avenida Sete de Setembro, no Centro de Salvador.

Os lojistas dizem que o evento é bom porque gera uma rotatividade maior nas zonas comerciais, o que favorece também às vendas. “A gente não participa da Black Friday, mas acaba sendo beneficiado porque o cliente acaba confundindo e achando que é um desconto generalizado”, disse o gerente da Idol, loja de cama, mesa e banho, Lourival Santos Filho. 50% do valor das vendas estão somente na capital baiana segundo o Correio da Bahia.

“Nossas promoções ocorre mesmo quando é época de aniversário da loja, aí colocamos os preços lá em baixo. O evento é muito bom em termos de movimentação, mas ainda não é algo que nos empolga muito”, afirmou. De acordo com os organizadores da Black Friday, o evento gera três vezes mais vendas que os dias normais, o que é notado também pelo gerente da Grippon, loja de departamentos na Avenida Sete de Setembro, Jaime Carlos de Oliva Filho.

“Nossos descontos chegam até 50%, conseguimos vender muitas coisas e o dia é visto por nós como um bom momento para vender mais, para ver como será o comércio no final de ano. Mas aqui na loja eu acho que é Black Friday o ano todo”, comentou. O empresário Paulo Motta, presidente do Sindilojas, entidade que reúne mais 145 mil associados na Bahia, disse que os descontos da Black Friday devem chegar até 80%, “uma verdadeira queima de estoque”.

“Os descontos vão depender muito dos lojistas, de como estão os estoques deles, os produtos que vendem. Essa data, que acaba se estendendo pelo final de semana seguinte à sexta-feira, é muito positiva para o comércio como um todo”, afirmou. O movimento na Avenida Sete de Setembro, um dos principais comércios de rua de Salvador, estava intenso na manhã desta terça-feira (20).

O mergulhador Eduardo Pereira, 51 anos, aproveitou o tempo livre para procurar objetos de cozinha e contou que começou a pesquisa há 15 dias. “Estou dando uma olhada em alguns produtos para ver o que tem de desconto, mas vou voltar na sexta-feira para comparar. No ano passado eu comoprei alguns objetos na black friday e tive um bom desconto, não recordo o percentual exato, mas lembro que comprei mais barato”, disse.

Enquanto ele fuçava as prateleiras dos eletrodomésticos, do outro lado da loja o comerciante Manuel Mota, 73 anos, e a dona de casa Mari Gonçalves, 45, olhavam alguns guarda-roupas. Eles contaram que estão há cerca de um ano procurando também uma cama e uma máquina de lavar, mas que ainda não se decidiram.

“Estamos pesquisando, mas nos últimos meses não percebemos muitas mudanças nos preços. Está tudo igual. Vamos esperar para ver se na sexta-feira os preços diminuem”, contou Mari, enquanto verificava os detalhes do móvel. Já a aposentada Meire Santana, 56 anos, disse que não acredita muitos nas promoções, mas que, mesmo assim, vai deixar para comprar o rack e a mesinha de centro no final de semana.

“Sou a rainha do desconto. Sempre dou uma choradinha e consigo um preço legal, então, se não encontrar nenhum bom desconto hoje vou deixar para tentar na sexta-feira. Sempre olho as vantagens das condições de pagamento. O bom da loja física é que podemos ter contato com os produtos antes de comprar, mas também estou pesquisando pela internet”, disse.

Abusos
O Procon da Bahia, órgão responsável por defender o direito dos consumidores, também está de olho na Black Friday para que não ocorram abusos por parte dos comerciantes. “Estamos com fiscalização nas lojas desde o início do mês por conta do evento, mas temos notados que os empresários têm mudado muito e melhorado sua relação com o cliente, respeitando-o mais”, disse Iratan Vilas Boas, diretor de fiscalização do Procon.

Segundo Vilas Boas, no evento de 2016 foram 21 lojas notificadas e no de 2017 apenas 11. “Esperamos que esse ano o número de notificações seja mais reduzido ainda”, declarou o diretor de fiscalização do Procon-BA. Para o diretor-executivo da FCDL, Carlos Machado, a redução das notificações é um sinal de amadurecimento dos lojistas. “Eles estão aprendendo a trabalhar melhor, e acredito que os casos de anos anteriores foram de situações que muitos não sabiam que não era o correto, mas a cada ano isso vem melhorando”, ele disse.

Evento inclusivo
O diretor da Black Friday no Brasil, Ricardo Bove, destacou que o fato de o evento, realizado no país desde 2010, beneficiar o comércio eletrônico é um “fator inclusivo”, “já que o ambiente digital possibilita a participação de todos, inclusive fora dos grandes centros, afinal basta ter internet para aproveitar”.

Segundo Bove, as principais intenções de compras para a edição de 2018 seguem o mesmo perfil dos anos anteriores: busca por produtos de maior valor agregado e de desejo. O destaque fica por conta dos smartphones, seguido por televisores, notebooks e eletrodomésticos. Do ponto de vista regional, o Sudeste continua sendo responsável pelo maior faturamento em números absolutos.

Em contrapartida, todas as outras regiões possuem um crescimento percentual maior, aumentando sua participação na Black Friday ano a ano. No Nordeste, as vendas devem ultrapassar a casa dos R$ 314 milhões em 2018, o que representa um faturamento seis vezes maior do que o realizado em 2013.

Economista da Fecomércio, entidade que agrega vários setores de negócios, Fábio Pina destacou que a Black Friday é um momento em que muitas pessoas buscam antecipar as compras de Natal, sobretudo as que já receberam a primeira parte do 13º salário.

“As oportunidades de negócio são enormes, há muitos produtos baratos que estão são comercializados por preços realmente baixos, bem fora do comum. É um evento em que se ganha mais na quantidade de produtos vendidos”, observou.

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