Chá emagrece? Conheça os prós e contras do uso de hibisco e cia



A maioria das pessoas que procura dietas para emagrecer em algum momento já se deparou com receitas de infusões milagrosas que secam a barriga ou auxiliam na desintoxicação do organismo. Mas qual é a real eficácia dessas bebidas no auxílio da perda de peso? Primeiramente, é bom esclarecer que nenhum chá gera perda de peso sozinho. Parece uma observação óbvia, mas muitos produtos são vendidos com a promessa de reduzir a gordura presente no organismo. Na verdade, os chás ditos emagrecedores cumprem o papel de auxiliar pessoas que estão em um processo de reeducação alimentar.  As ervas usadas com esta finalidade costumam ter na composição ativos estimulantes, como a cafeína, ou apresentam efeito diurético. Chás ricos em cafeína, como o verde e o preto, ajudam a acelerar o metabolismo e podem funcionar também como termogênicos. Por isso, eles são bons aliados no processo da perda de peso de quem pratica atividade física. Já as infusões de efeito diurético, como hibisco e cavalinha, ajudam a combater a retenção de líquidos, diminuindo os inchaços. Segundo a nutricionista especializada em Ortomolecular e Fitoterapia, Luna Azevedo, a sensação de emagrecimento acontece por consequência desses efeitos.
- A pessoa tem a sensação temporária de que está emagrecendo, mas muitas vezes é um processo de diminuição da retenção de líquidos. Por exemplo, se o paciente tem uma alimentação muito ruim e consome muitos alimentos industrializados e refrigerantes, é provável que tenha retenção de líquidos porque esses produtos contêm muito sódio. Então, ao tomar esses chás, há a sensação de emagrecimento.

Se é natural, está liberado?
Não é bem assim. Alguns chás, quando consumidos em excesso ou de forma combinada, podem levar à intoxicação do organismo. De acordo com a endocrinologista Priscilla Gil, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo, ainda não existem estudos suficientes que assegurem o benefício dessas bebidas no processo de perda de peso. A especialista diz que as infusões comercializadas ainda não têm disponível a dosagem de seus componentes, o que dificulta a prescrição para os tratamentos de emagrecimento.
- Sabe-se, por exemplo, que a quantidade ideal de cafeína diária para um paciente é de 3 a 5mg por quilo. Mas qual é a quantidade presente no chá comercializado? Essa falta de precisão na dose dificulta a recomendação desse tipo de tratamento. É bom ressaltar também que alguns chás podem ter contra-indicações. Por exemplo, o hibisco não é recomendado para mulheres que querem engravidar, por ter princípios considerados abortivos. Pessoas com hipersensibilidade à cafeína ou com histórico de hipertensão e problemas renais devem consultar um especialista para se informarem sobre efeitos colaterais e a quantidade recomendada.
Quanto mais, melhor?
As famosas fórmulas que misturam até 30 ervas em sua composição podem ser extremamente perigosas. É um mito a ideia de que misturar ervas vai gerar um resultado mais efetivo ou potencializado. Algumas combinações podem ser tóxicas e, segundo Luna Azevedo, o ideal é tomar chás isolados ou com no máximo três ervas juntas, tentando combinar as funções que possam ativar os princípios e deixá-los mais fracos ou mais fortes. Outro fator que deve ser levado em consideração é a quantidade ingerida por dia. Cada erva tem uma dosagem diferente de componentes, mas dentre os chás mais consumidos para emagrecer, a maioria delas têm as mesmas funções para o organismo, o que pode acarretar numa sobrecarga do fígado ou até mesmo gerar falência renal. Existem, por exemplo, ervas com componentes que, se ingeridos em grande quantidade, podem levar à intoxicação do organismo, alerta Priscilla Gil.
- O uso excessivo de chá ditos emagrecedores pode acarretar em uma compulsão alimentar tão grave quanto a bulimia. Já me deparei com casos de uso abusivo de das infusões que levaram a lesões graves no rim. Primeiro, o paciente entrou em insuficiência renal aguda, que virou crônica, e agora precisa fazer diálise - comenta a endocrinologista.

Qual a melhor forma de consumo dos chás? 
Em algumas farmácias e lojas de produtos naturais, além das ervas e dos sachês, também é possível encontrar o produto em cápsulas. Mas neste caso, a melhor forma de consumir chá é com o preparo tradicional, através da infusão das ervas. Na forma de preparo ideal, a erva não deve ferver junto com a água, mas deve ser adicionada à água fervente quando o fogo já estiver desligado. A nutricionista Luna Azevedo dá a dica:
- Este método potencializa os efeitos dos fitoquímicos. Em chás como o hibisco, o ideal é preparar 4 a 6 g de flor seca (o equivalente a uma colher de chá) em um copo de água fervida (300ml). Chás mais amargos, como o chá verde, não devem ficar mais 3 minutos devido ao gosto forte das ervas.

Posso adoçar?
Segundo a Luna Azevedo, o ideal é que os chás sejam consumidos sem açúcar. Além de interferir diretamente no princípio ativo da erva, o açúcar ativa a insulina, o que atrapalha o processo de emagrecimento. Para quem consome em jejum, o chá é utilizado justamente por não conter calorias. Ao adicionar açúcar ou adoçante, ele perde essa função, porque o corpo reconhece o paladar doce e estimula a produção de insulina, efeito indesejado para quem quer perder peso.
- O chá é bom para ajustar as papilas gustativas do paciente, principalmente quando é ingerido em jejum, o que é importante para o processo de emagrecimento. Ao criar o hábito de ingerir bebidas mais amargas, a vontade de comer doces tende a diminuir. Isso equilibra as papilas gustativas – explica.

Chá é melhor que café? 
A nutricionista confirma: o café preto não faz mal. Alguns chás ricos em cafeínas costumam ser consumidos em grande quantidade por pessoas que querem abandonar o café. O que acontece, por exemplo, em relação ao chá verde, é que a erva não tem só a cafeína, mas também outros componentes, como antioxidantes e antiinflamatórios. Dessa forma, para quem está tentando emagrecer, o chá verde é mais efetivo do que o café. (Ibahia)

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