Pelo
segundo ano consecutivo, os professores da rede privada de São Paulo
recorreram à Justiça para negociar os direitos trabalhistas da
categoria. O sindicato das escolas quer alterar cláusulas da convenção
coletiva que garantem 30 dias de recesso, tempo para direito à
semestralidade e estabilidade na pré-aposentadoria. Sem acordo, os
docentes entraram com uma ação de dissídio coletivo no Tribunal Regional
do Trabalho (TRT).
O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do
Estado (Sieeesp) propôs que, ao invés de 30 dias corridos de recesso,
que as escolas pudessem optar por 25 dias de descanso e descontar os
outros cinco dias ao longo do ano, por exemplo, em emendas de feriado
como carnaval e páscoa. Também quer aumentar o tempo de contratação de
22 para 26 meses para o direito à semestralidade (pagamento dos salários
restantes em caso de demissão sem justa causa antes do fim do semestre
letivo.)
A Federação dos Professores de São Paulo (Fepesp) propôs
aceitar as duas alterações pedidas pelas escolas desde que aceitassem
incluir duas cláusulas propostas pelos docentes: a proibição de
contratação de professores terceirizados e a garantia de ultratividade
da convenção (ao final do período de vigência do documento, seus efeitos
continuam valendo até que haja novo acordo entre as partes).
A
questão financeira estava de acordo entre as duas partes. Neste ano, os
professores receberiam apenas o reajuste da inflação e índice de 15% de
Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Para o próximo ano, teriam
aumento real de 1,5% e 18%, de PLR.
“A negociação estava andando
bem. Nós iríamos ceder em dois pontos e eles em dois. Até que eles
encerram a negociação e nossa única opção foi recorrer à Justiça”, disse
Celso Napolitano, presidente da Fepesp, que representa 85% dos
professores da rede privada do Estado – são 40 mil docentes apenas na
capital.
O Sieeesp recuou e não quis acrescentar as duas cláusulas
solicitadas pelos professores depois que duas federações, a Fepae e
Feteesp (que representam os auxiliares em administração escolar)
concordaram com a proposta patronal sem nenhuma solicitação. “Não vamos
assinar duas convenções diferentes. Os sindicatos dos professores e
funcionários que se desentenderam. A escola particular não vive só de
professores. Os outros quadros também me importam muito”, disse Benjamin
Ribeiro, presidente do sindicato.
Paralisação
No
ano passado, após 15 anos sem paralisação, os professores da rede
particular promoveram uma greve geral que suspendeu por dois dias as
aulas em 104 colégios. Na época, a mobilização também ocorreu após as
escolas tentarem alterar a convenção coletiva. O sindicato patronal
queria reduzir bolsa de estudos de dois para um filho de professor e
limitada àqueles que têm carga horária semanal de ao menos dez horas;
redução do recesso escolar do fim de ano de 30 para 20 dias; e aumentar
de 22 para 60 meses o tempo para o direito à semestralidade.
Depois
de uma batalha judicial e a paralisação das escolas, os professores
conseguiram manter a convenção coletiva inalterada por mais um ano. O
documento venceu em 1º de março deste ano. (Estadão Conteúdo)
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