
Mais da metade das brasileiras em idade
reprodutiva está tentando evitar a gravidez por causa da epidemia de
zika que atinge o país desde 2015, de acordo com uma pesquisa publicada
nesta sexta-feira (23). Do total, 56% das
mulheres entrevistadas interrogadas responderam ter evitado, ou se
esforçado para evitar uma gravidez em razão da epidemia de zika.
Publicada
no "Journal of Family Planning and Reproductive Health Care", a
pesquisa foi realizada em junho, com 2.002 mulheres com idades entre 18 e
39 anos, com formação superior e que vivem em zonas urbanas. Esse grupo
corresponde a 83% da população feminina total. Pelo
menos 27% disseram não ter tomado qualquer medida, enquanto 16%
restantes não tinham o desejo de ter um filho, independentemente da
epidemia.
A epidemia que atinge
principalmente a América Latina se deve ao zika, um vírus transmitido
pelo mosquito Aedes aegypti que pode causar graves anomalias cerebrais
nos recém-nascidos, cujas mães tenham sido infectadas. No Brasil, o país
mais afetado, já conta cerca de 2.000 casos de microcefalia
potencialmente ligados ao vírus.
Sem surpresa,
mulheres que vivem no norte do país, onde a epidemia foi mais
virulenta, são as que mais evitam a gravidez (66%), em comparação
àquelas que vivem mais ao sul (46%). As
negras (64%) e as mestiças (56%) também são mais numerosas do que as
brancas (51%) a renunciar a uma gestação, "provavelmente" em razão do
impacto mais significativo da epidemia "nos grupos raciais mais
vulneráveis", afirmam os pesquisadores.
Nenhuma diferença foi observada, porém, em relação à religião. Para
os autores, os resultados do estudo deveriam estimular o Brasil a
"reavaliar sua política da Saúde em matéria de reprodução, com o
objetivo de garantir um melhor acesso às informações e aos métodos
contraceptivos", assim como a rever sua política de "criminalização do
aborto".
0 Comentários