Nosso cérebro, grande e poderoso, provavelmente foi
desenvolvido graças à ingestão de frutas. De acordo com um estudo
publicado na revista científica Nature Ecology & Evolution, comer
frutas foi um passo-chave e forneceu a energia necessária para o
desenvolvimento de cérebros mais volumosos. “Foi assim que conseguimos
esses cérebros enormes”, disse Alex Decasien, autor do estudo e
pesquisador da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. No estudo,
os pesquisadores observaram os alimentos básicos de mais de 140
espécies de primatas e concluíram que suas dietas não mudaram muito ao
longo da evolução recente. Os resultados mostraram que os animais que se
alimentam de frutas têm cérebros cerca de 25% maiores do que aqueles
que ingerem principalmente folhas. A descoberta questiona a teoria que
prevaleceu desde meados da década de 1990, segundo a qual os cérebros
maiores se desenvolveram a partir da necessidade de sobreviver e se
reproduzir em grupos sociais complexos. Para Decasien, os desafios de
viver em grupo podem ter contribuído para o desenvolvimento da
inteligência, mas não foram encontradas associações entre a complexidade
da vida social dos primatas e o tamanho dos seus cérebros. Por outro
lado, a ingestão de frutas estava fortemente correlacionada com a
dimensão do órgão. Alimentos como frutas contêm mais energia do que
fontes básicas como folhas, fornecendo assim o combustível adicional
necessário para evoluir para um cérebro maior. Ao mesmo tempo, lembrar
quais plantas produzem frutas, onde elas estão e como abri-las também
poderia ajudar um primata a aumentar o tamanho de seu cérebro. “Mas
muitas perguntas permanecem, mas eu me sinto confiante de que o estudo
deles vai reorientar e revigorar a pesquisa que procura explicar a
complexidade cognitiva em primatas e outros mamíferos”, escreveu Chris
Venditti, pesquisador da Universidade de Reading, no Reino Unido, em um
comentário sobre o estudo, também publicado na Nature Ecology &
Evolution. (AFP)
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