Em menos de três semanas, chegará o mês de uma das
festas mais tradicionais do Nordeste, mas, quem procura alguns dos
produtos mais comuns da época está tendo certa dificuldade de
encontrá-los nas feiras e mercados da capital. Indissociáveis do São
João, o milho e o amendoim está escasso no comércio, e quem consegue
achá-lo, não adquire por um preço amigável.
Com
uma volta pela feira das Sete Portas é possível notar o quanto o cereal
– base da maioria dos pratos típicos da festa junina – faz falta no
espaço. Pelas vias, onde é muito comum encontrá-lo, poucas barracas
oferecem o produto, e, ainda assim numa quantidade pequena, e, quando
encontrado, numa qualidade questionável. Quatro unidades, saem por até
R$ 5.
O amendoim, por sua vez, numa embalagem de 1 kg sairá por R$ 15. Na
Feira de São Joaquim, no Comércio, a oferta está ainda menor. Na manhã
do último domingo (7), nenhum dos dois produtos estava disponível nas
barracas que costumam ofertá-lo. “Não tem. Simples assim. Estamos
esperando que chegue uma boa quantidade para amanhã, pois foi o fim de
semana inteiro assim, sem nada”, explicava o feirante Daniel Rodrigues.
Na
última vez que o amendoim chegou, a saca de 60 kg estava sendo vendida
por até R$ 250. O preço é o triplo do que é aplicado em tempos de
abundância do produto. O milho, por sua vez, a mão – equivalente a 50
milhos – sai por R$ 40, e para que se tenha lucro, é repassado ao
freguês da feira por R$ 50.
O evento atípico
responsável pela escassez e consequente encarecimento dos produtos é o
mesmo do ano passado: a seca. Os carregamentos chegam de municípios como
Irecê, Teixeira de Freitas e Camamu, onde as plantações foram muito
afetadas pela falta de chuvas.
“Quando
compramos, nós pagamos por tudo: pelo óleo, para a roça que produz, pelo
carreto”, explica o feirante. Ainda que o preço esteja salgado,
vende-se muito rapidamente. Em sua barraca, apenas a laranja é possível
encontrar algumas sacas, vendidas por R$ 10, a saca com 25 unidades.
De
acordo com Joseval Mendes – que vende o milho e o amendoim no período
mais próximo das festas juninas, faltando apenas duas ou três semanas
para as comemorações – o que tem acontecido é que as chuvas chegaram
tardiamente este ano. Como o período de plantação de ambos os produtos
levam aproximadamente três meses, os frutos ainda estão começando a
nascer.
“A laranja, por exemplo, nós
comprávamos das roças em Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas e Rio
Real. A seca afetou muitos esses locais, e por isso, precisamos comprar
de Sergipe, o que deixa o frete mais caro. Ainda assim, há poucas
semanas, elas estavam chegando bem menores, parecendo limões”, detalhou
Joseval.
A saca da laranja era para ser
vendida por R$ 12, mas, para não sair no prejuízo, ele precisa revender
por R$ 18. Este ano, o amendoim deverá ser revendido por R$ 8 o quilo –
no ano passado, a mesma quantidade foi comercializada por um valor entre
R$ 3 e R$ 4. A leguminosa está sendo comprada de roças de São Felipe e
Maragogipe, cujos frutos só começaram a ser colhidos recentemente.
A
esperança dos feirantes é que, nas próximas semanas, tanto o milho
quanto o amendoim – os carros chefes do período junino –, possam chegar
em maior quantidade, a fim de que também se possa vender mais. “Só
esperamos que a chuva continue a cair e que o fruto possa se
multiplicar nas plantações”, desejou Daniel Rodrigues, torcendo pelo
sucesso do comércio, e também do São João.
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