*Waldir Santos
Ninguém compra votos com dinheiro do próprio bolso. Ou ele já roubou para isso, ou está fazendo um investimento para roubar quando assumir o cargo.
O problema da compra de voto, parte importante do sistema brasileiro de corrupção, decorre de um pressuposto: o de que o político irá auferir vantagens, também indevidas, e assim o eleitor imagina que terá cem anos de perdão. Dificilmente o eleitor aceita o fato de que algumas pessoas são honestas na política, afinal o que tem destaque na imprensa e nas conversas é somente o erro da maioria. Quando se enaltecem os honestos, de fato é algo estranho, pois o normal é ser assim, apesar de ser raro. Quem é honesto apenas cumpre a sua obrigação e não deve ser aplaudido por isso.
Quando alguém pede o voto sem querer pagar por ele, é visto por algumas pessoas como espertalhão e miserável, pois quer ficar com tudo. Não quer dividir com quem lhe colocou lá, aparentemente para roubar. A grande missão do candidato, entendo eu, é mostrar que é honesto e que é preparado. Os grandes debates com que se perde tempo hoje, já estamos começando a compreender, têm sido e continuarão sendo decididos pelo Supremo Tribunal Federal. E até para combater a corrupção no Poder Judiciário, também contaminado, precisamos agora eleger deputados honestos e preparados. Não conheço um que hoje se disponha a cuidar disso. Afinal, qual é o corrupto que vai se atrever? Infelizmente quem se propõe a isso, por meio de promessas, só tem garganta para lançar frases de efeito, depois de décadas de omissão dentro do sistema do judiciário.
É aí que está o cerne de toda campanha séria. O cenário que vivemos impõe que todos os candidatos tenham não somente um discurso contra a corrupção, mas uma prática comprovada. O que mais precisamos, para resolver todos os problemas, é acabar com a corrupção. Claro que há honestos, sempre omissos e covardes, mas não é comum um corrupto agir contra a corrupção. No máximo ele declara, como qualquer pessoa, que é contra a corrupção. Imaginemos, por exemplo, se Geddel, Cunha, Aécio e Lula tivessem um histórico agressivo e efetivo de combate à corrupção. O quanto eles seriam humilhados e escarnecidos hoje, depois de pilhados em seus crimes, não somente pelos que eles tivessem denunciado, mas por toda a população, por serem aquilo que atacavam. É daí que vem o “respeito”, evidenciado pelo silêncio dos baianos, inclusive opositores, em relação a Geddel e Lúcio, assim como em relação a vários outros corruptos. Se eles tivessem agido contra a corrupção, seriam massacrados publicamente hoje. Por isso que corrupto não combate a corrupção a sério. Apenas finge não cometer ou declara ser contra. Por isso, insisto, podemos ter honestos omissos e covardes (a maioria dos honestos da política é assim), mas quem ataca efetivamente os corruptos (não só com palavras, mas com ações efetivas) dificilmente irá cometer a corrupção. Cada um sabe de si, e tem em mente se seria capaz ou não de cometer atos desonestos se as condições de impunidade um dia forem favoráveis, ou se a “necessidade” for gritante.
Assim, quem no seu íntimo cogita um dia pecar, precavidamente é tolerante com os corruptos de hoje, e sempre foi. Está aí uma forma de você ter certeza de que seu candidato é honesto: desafie-o a comprovar (pode ser a partir de hoje) que ele está disposto a agir contra a corrupção. Mas não só com palavras, pois isso até os corruptos fazem. Assim o eleitor terá um deputado ou vereador honesto, mas não só isso. Terá não só aquele tipo de representante que de forma ridícula se vangloria de cumprir o seu dever. Terá sim, alguém que tem coragem e conhecimento para impedir a prática da corrupção. É disso que precisamos. E isso tem que ser demonstrado na campanha.
Nunca resolveremos os problemas mais graves se a maior parte do dinheiro continuar sendo desviado. Então não adianta dizer “minhas causas são a saúde, a educação e a segurança”. Estas são causas de todos.
Aos candidatos que me leem, digo que chegou a hora de decidir: Ou você quer melhorar o País, ou você quer somente se melhorar.
Escolha. Em seguida, é o eleitor que escolhe.
Waldir Santos é Advogado da União e idealizador do www.conselhodecidadaos.com.br, sistema de combate à corrupção baseado na prevenção por meio da participação da sociedade.
Ninguém compra votos com dinheiro do próprio bolso. Ou ele já roubou para isso, ou está fazendo um investimento para roubar quando assumir o cargo.
O problema da compra de voto, parte importante do sistema brasileiro de corrupção, decorre de um pressuposto: o de que o político irá auferir vantagens, também indevidas, e assim o eleitor imagina que terá cem anos de perdão. Dificilmente o eleitor aceita o fato de que algumas pessoas são honestas na política, afinal o que tem destaque na imprensa e nas conversas é somente o erro da maioria. Quando se enaltecem os honestos, de fato é algo estranho, pois o normal é ser assim, apesar de ser raro. Quem é honesto apenas cumpre a sua obrigação e não deve ser aplaudido por isso.
Quando alguém pede o voto sem querer pagar por ele, é visto por algumas pessoas como espertalhão e miserável, pois quer ficar com tudo. Não quer dividir com quem lhe colocou lá, aparentemente para roubar. A grande missão do candidato, entendo eu, é mostrar que é honesto e que é preparado. Os grandes debates com que se perde tempo hoje, já estamos começando a compreender, têm sido e continuarão sendo decididos pelo Supremo Tribunal Federal. E até para combater a corrupção no Poder Judiciário, também contaminado, precisamos agora eleger deputados honestos e preparados. Não conheço um que hoje se disponha a cuidar disso. Afinal, qual é o corrupto que vai se atrever? Infelizmente quem se propõe a isso, por meio de promessas, só tem garganta para lançar frases de efeito, depois de décadas de omissão dentro do sistema do judiciário.
É aí que está o cerne de toda campanha séria. O cenário que vivemos impõe que todos os candidatos tenham não somente um discurso contra a corrupção, mas uma prática comprovada. O que mais precisamos, para resolver todos os problemas, é acabar com a corrupção. Claro que há honestos, sempre omissos e covardes, mas não é comum um corrupto agir contra a corrupção. No máximo ele declara, como qualquer pessoa, que é contra a corrupção. Imaginemos, por exemplo, se Geddel, Cunha, Aécio e Lula tivessem um histórico agressivo e efetivo de combate à corrupção. O quanto eles seriam humilhados e escarnecidos hoje, depois de pilhados em seus crimes, não somente pelos que eles tivessem denunciado, mas por toda a população, por serem aquilo que atacavam. É daí que vem o “respeito”, evidenciado pelo silêncio dos baianos, inclusive opositores, em relação a Geddel e Lúcio, assim como em relação a vários outros corruptos. Se eles tivessem agido contra a corrupção, seriam massacrados publicamente hoje. Por isso que corrupto não combate a corrupção a sério. Apenas finge não cometer ou declara ser contra. Por isso, insisto, podemos ter honestos omissos e covardes (a maioria dos honestos da política é assim), mas quem ataca efetivamente os corruptos (não só com palavras, mas com ações efetivas) dificilmente irá cometer a corrupção. Cada um sabe de si, e tem em mente se seria capaz ou não de cometer atos desonestos se as condições de impunidade um dia forem favoráveis, ou se a “necessidade” for gritante.
Assim, quem no seu íntimo cogita um dia pecar, precavidamente é tolerante com os corruptos de hoje, e sempre foi. Está aí uma forma de você ter certeza de que seu candidato é honesto: desafie-o a comprovar (pode ser a partir de hoje) que ele está disposto a agir contra a corrupção. Mas não só com palavras, pois isso até os corruptos fazem. Assim o eleitor terá um deputado ou vereador honesto, mas não só isso. Terá não só aquele tipo de representante que de forma ridícula se vangloria de cumprir o seu dever. Terá sim, alguém que tem coragem e conhecimento para impedir a prática da corrupção. É disso que precisamos. E isso tem que ser demonstrado na campanha.
Nunca resolveremos os problemas mais graves se a maior parte do dinheiro continuar sendo desviado. Então não adianta dizer “minhas causas são a saúde, a educação e a segurança”. Estas são causas de todos.
Aos candidatos que me leem, digo que chegou a hora de decidir: Ou você quer melhorar o País, ou você quer somente se melhorar.
Escolha. Em seguida, é o eleitor que escolhe.
Waldir Santos é Advogado da União e idealizador do www.conselhodecidadaos.com.br, sistema de combate à corrupção baseado na prevenção por meio da participação da sociedade.
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