Diretora de 'Malhação' exalta temas fortes na novela: 'Não queremos camuflar'

Gordofobia e assédio de aluna por parte de professor são apenas alguns dos polêmicos assuntos abordados em "Malhação: Vidas Brasileiras", a 26ª temporada da novela adolescente estreada em 1995 pela Globo segundo informações do Purepeople. Para Natália Grimberg, diretora artística da trama, os temas têm um propósito único.

"Essa temporada tem um compromisso com a realidade de tirar o jovem das redes sociais, do que ele exposta, e descobrir o quem ele é", afirma ao Purepeople. A profissional frisa ainda a importância das histórias serem abordadas com delicadeza no texto de Patricia Moretzsohn. Falamos de temas fortes com leveza, buscamos esse equilíbrio".

A gente fala de bullying, de assédio, de homofobia, gordofobia de maneira transparente para que ele fique desnudo", acrescenta. O leque de pontos espinhosos vai aumentar a partir da semana que vem com a abordagem da anorexia através de Pérola, vivida por Rayssa Bratillieri, atriz que já superou a bulimia na vida real. E Natália conta que a história não sofre influência por parte do que o público gosta ou reprova.

"Na verdade não. Estou aberta a tudo, mas existem críticas construtivas e críticas ao vento. Não se sabe dá onde vem", explica. "Temos que ficar atentos, mas não mudar história. Se a novela der uma queda na audiência alguma coisa aconteceu e aí vamos ver o que aconteceu", completa a diretora artística da trama que tem no elenco Gabriela Loran, sua primeira atriz transsexual.

A atual "Malhação" também já mostrou uma ação da polícia inspirada na Operação Lava-Jato e o preconceito religioso através de Talíssia (Luellem de Castro), adepta do candomblé. Para Natália, o importante é mostrar os fatos como eles são. "Buscamos muito a realidade. Temos uma parceria muito grande com a área de desenvolvimento social da TV Globo e eles estão muito juntos da gente. Não queremos camuflar", garante.

E a diretora-artística acrescenta: "Os seguidores do candomblé sofrem muito preconceito, foram feitas muitas conversas. Depois das cenas recebemos muitas mensagens de pessoas que disseram que repensaram seus pré-conceitos". Nas sequências da novela adolescente, Talíssia acabou agredida pelo companheiro ao iniciar a filha na religião afrobrasileira.

"Quantas meninas na escola foram proibidas de usar turbante, ou seus símbolos religiosos. Nada do que estamos discutindo não está no noticiário. Buscamos sempre o lado humano, íntimo, privado. Não o estereótipo", assegura. Natália destaca ainda o fato da trama exaltar o feminismo seja através do elenco ou da equipe de produção.

"O melhor feminismo e quando sai do discurso o e vai para a pratica, não só o feminismo, mas qualquer outra luta. Temos mulheres interessantes em cargos interessantes. Mulheres negras incríveis nessa equipe que ganharam promoção e não foi uma coisa pensada escalar mulheres. Queria pessoas que gostassem de estar aqui. Gosto de estar aqui e quero pessoas que queiram estar aqui. Acho que as mulheres são mais empolgadas", reflete a diretora artística.

"Vidas Brasileiras" reúne 17 protagonistas, a maioria estreante na TV. E a diretora não poupou ao time selecionado após rigorosa peneira. "Eles são muito múltiplos, são muito versáteis. Você conversa com eles e vê que eles tocam, dançam, pintam, escrevem", enumera.

"Eles não se satisfazem em ser uma coisa só e hoje em dia isso nem passa pela cabeça deles. Eles estão conversando, assistindo à televisão, usam a rede social. Fazem mil coisas", completa. E destaca a diferença para os jovens de hoje em dia.

"Vejo a diferença de quando eu fiz 'Malhação' e me espanta. Na minha época tinha a boazinha, a má, o vilão, o mocinho. Hoje não é assim. Em uma história ele é o mocinho, mas na outra ele vacilou", explica, destacando a importância de fugir dos rótulos.

"A televisão não pode desistir de formar pessoas. O que fazemos tem um alcance muito grande, falo isso todos os dias. Tenho uma responsabilidade muito grande sobre isso. Quando chega um texto bato com a autora como vamos abordar um assunto mais pesado. Não dá para se isentar das coisas e se estamos aqui, se queremos manter a televisão pelos próximos 10, 20 anos, é um público que temos que formar", finaliza.

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