Nº de mortes por armas de fogo mais que dobrou entre 2006 e 2016

O número de mortes por arma de fogo na Bahia mais que dobrou entre 2006 e 2016, segundo o Atlas da Violência, pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta última terça-feira (5). Em números absolutos, o estado lidera o ranking nacional nesse tipo de ocorrência.

Nos dez anos analisados no levantamento, os registros de mortes por arma de fogo subiram 126,9% no estado. Em 2006, foram contabilizadas 2402 mortes, enquanto que em 2016 o número foi de 5449. As armas foram usadas por criminosos em 76% dos homicídios contabilizados no ano de 2016.

No ano de 2016, o estado ficou na frente do Rio de Janeiro (4019 mortes) e de Pernambuco (3475), que aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Caso seja levado em consideração a taxa de homicídio cometido por pessoas que usaram armas de fogo, por 100 mil habitantes, a Bahia cai para o sexto lugar entre os estados do país. Em 2016, o estado ficou com taxa de 35,7 mortes por 100 mil habitantes segundo informações do G1.

A Bahia está atrás de Alagoas (46,0), Pará (36,7), Pernambuco (36,9), Rio Grande do Norte (45,2) e Sergipe, que lidera o ranking com taxa de 55,6. De 2006 a 2016, a taxa de homicídio cometido com arma de fogo por 100 mil habitantes teve aumento de 107,2% na Bahia -- saltou de 17,2 para 35,7. A proporção de homicídios com arma de fogo no estado também cresceu em dez anos. Saiu de 73,1% em 2006 para 76,0% em 2016.

Governo rebate
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) rebate os dados do Atlas da Violência e critica a metodologia empregada. Conforme apontou a pasta, a Bahia registra progressiva diminuição dos índices de mortes violentas. Afima que, nos cinco primeiros meses deste ano, o índice recuou 12,6%, no estado, em relação ao mesmo período de 2017, o que, conforme o órgão, demonstra o resultado do trabalho integrado das polícias Militar, Civil e Técnica.

Ainda segundo a SSP, com os investimentos feitos na contratação de novos policiais, entregas de novas estruturas, uma delas o Centro de Operações e Inteligência, no ano de 2017, comparando com 2016, a Bahia alcançou a redução de 5,2% nas mortes violentas. De 2015 para 2016, em Salvador, os crimes contra a vida caíram 3,1% e, no estado, houve um aumento de 12,4%, aponta a SSP.

O secretário Maurício Barbosa lamentou a divulgação do ranking de mortes violentas no Brasil, que, segundo ele, não leva em consideração que os estados nordestinos figuram sempre como mais violentos, pois contam as ocorrências usando uma metodologia mais fiel à realidade.

O secretário disse, ainda, que a pesquisa, quando fala em mortes violentas, coloca no mesmo patamar o assassinato praticado por um criminoso e os casos em que policiais, quando atacados, reagem proporcionalmente em legítima defesa dele e da sociedade. Na avaliação da SSP, as mortes por arma de fogo, no Brasil, são reflexo da falta de uma política nacional de segurança, com ausência de combate à entrada de armas através das fronteiras.

Em 2018 a polícia baiana, nos quatro primeiros meses, chegou a uma média de 22 armas apreendidas por dia, afirma o órgão. Com relação à morte de jovens, a SSP defende a maior participação dos municípios, na proposição de ações sociais como o Mais Futuro e o Partiu Estágio, que oferecem novas perspectivas.

Sem as criações de oportunidades de emprego como estas, o tráfico acaba cooptando os adolescentes, afirma o órgão. Ainda de acordo com a SSP, os jovens que mais morrem são também os que mais matam. No que diz respeito à morte de negros, a SSP disse que está analisando os dados do período divulgado, tomando como base a faixa de população negra do estado, de 76%, a maior do país.

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