
Vivemos tempos de crise, mas a crise não é de hoje. Com as eleições
presidenciais 2018, entretanto, o Brasil vem enfrentando uma forte
polarização de grupos a favor ou contrário a certos candidatos. Até aí,
nenhuma novidade, mas a onda de intolerância, desrespeito e violência
que vem assolando o país tem se intensificado de uma maneira nunca antes
vista, até porque dessa vez contamos fortemente com a atuação de mídias
sociais. É provável que depois disso precisaremos de doses de
tranquilizantes para acalmar os ânimos, seja um fim de semana na
fazenda, apostas de futebol Betfair, um churrasco com amigos ou esperar pelo próximo carnaval.
O que essas eleições têm mostrado é o resultado de uma receita que conta com doses de cidadãos já desacreditados no governo, que sofrem com a insegurança, que não veem a situação melhorando, e, somados ao cansaço, o discurso raso e/ou imediatista ganha terreno. Não se trata de defender um candidato ou outro; no final, nenhum é perfeito. Trata-se de um comportamento que observamos em tudo e todos; trata-se de valores e baixa moral. O cidadão que defende seu candidato às custas de ironizar ou desrespeitar quem vota em outro dificilmente irá atingir um resultado positivo. No lugar, a possibilidade de gerar mais polêmicas e fazer com que o outro cidadão reitere seu voto é grande.
Do outro lado, também não é novidade nenhuma que políticos agem
desrespeitando uns aos outros em debates, comícios e até mesmo quando já
eleitos e gritando nas câmaras de deputados, vereadores e/ou senado.
Quantas já não foram as cenas? Recentemente, um vídeo circulou de um
comício de um dos candidatos a governador pelo Rio de Janeiro,
acompanhado de dois candidatos à deputado federal (eleitos), que quebraram uma placa de rua,
em homenagem à Marielle Franco, vereadora do PSOL e morta a tiros, que
investigava a atuação da milícia na zona Oeste da cidade. No vídeo,
pode-se ouvir a multidão apoiando. Não importa se a placa havia sido
colocada no lugar errado, como foi tentado justificar, mas o uso de
imediatismo e intolerância não deveriam ser considerados em hipótese
alguma. Outro notável exemplo é a facada levada pelo candidato Jair Bolsonaro. Ali estamos falando de uma pessoa que sofreu um ato de violência; não importa o que ele prega ou não em seu discurso.
Parece que estamos falando de política, mas este é um pano de fundo para uma questão muito maior. O que estamos fazendo em relação ao respeito ao próximo, à nossa memória, à possibilidade de um debate limpo e construtivo? Debater, aliás, não deveria ter como objetivo convencer ninguém de nada, mas sim a troca de ideias e a capacidade de se colocar no lugar do outro. O que vemos, entretanto, é uma série de bate-bocas, em que mal se espera o outro concluir (quando se espera) e já estamos com uma resposta pronta na ponta da língua para rebater. O outro foi ouvido? Você foi ouvido? O que foi ganho? Todos temos o direito de nos indignar, mas a melhor forma de combater a negatividade que nos rodeia é mostrando a outra face, e o mesmo vale para o candidato que você apoia, caso ele (a) faça algo que desrespeite o próximo, e mesmo que isso não mude seu voto, ou o que quer que seja. Um povo que não se respeita não pode esperar que seus governantes trabalhem em prol de uma sociedade melhor a seu favor.
O que essas eleições têm mostrado é o resultado de uma receita que conta com doses de cidadãos já desacreditados no governo, que sofrem com a insegurança, que não veem a situação melhorando, e, somados ao cansaço, o discurso raso e/ou imediatista ganha terreno. Não se trata de defender um candidato ou outro; no final, nenhum é perfeito. Trata-se de um comportamento que observamos em tudo e todos; trata-se de valores e baixa moral. O cidadão que defende seu candidato às custas de ironizar ou desrespeitar quem vota em outro dificilmente irá atingir um resultado positivo. No lugar, a possibilidade de gerar mais polêmicas e fazer com que o outro cidadão reitere seu voto é grande.

Source: Pexels
Parece que estamos falando de política, mas este é um pano de fundo para uma questão muito maior. O que estamos fazendo em relação ao respeito ao próximo, à nossa memória, à possibilidade de um debate limpo e construtivo? Debater, aliás, não deveria ter como objetivo convencer ninguém de nada, mas sim a troca de ideias e a capacidade de se colocar no lugar do outro. O que vemos, entretanto, é uma série de bate-bocas, em que mal se espera o outro concluir (quando se espera) e já estamos com uma resposta pronta na ponta da língua para rebater. O outro foi ouvido? Você foi ouvido? O que foi ganho? Todos temos o direito de nos indignar, mas a melhor forma de combater a negatividade que nos rodeia é mostrando a outra face, e o mesmo vale para o candidato que você apoia, caso ele (a) faça algo que desrespeite o próximo, e mesmo que isso não mude seu voto, ou o que quer que seja. Um povo que não se respeita não pode esperar que seus governantes trabalhem em prol de uma sociedade melhor a seu favor.
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