“A Eucaristia é, por excelência, a
celebração do dia do Senhor. Muitas comunidades não podendo, porém,
celebrar a eucaristia, por falta de presbítero, se reúnem e celebram os
mistérios da fé ao redor da Palavra de Deus e, desse modo, asseguram o
sentido do domingo. No Brasil, a falta de padres, a dispersão
populacional e a situação geográfica do país impedem que inúmeras
comunidades tenham a celebração eucarística aos domingos. De acordo com
os dados da CNBB, 70% das comunidades brasileiras se reúnem ao redor da
Palavra de Deus” (Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 53).
Mas, por razão de número insuficiente de
ministros ordenados, a solução pastoral encontrada tem sido a celebração
da Palavra de Deus presidida por um diácono, um seminarista ou um
ministro leigo encarregado dessa tarefa. “Pode-se estimar em 70 mil o
número das comunidades que realizam aos domingos a celebração da
Palavra, na ausência do padre, que aí celebra a Eucaristia somente
algumas vezes por ano” (cf. Documento 62 da CNBB nº 39). Graças às
celebrações da Palavra de Deus as comunidades persistem e crescem na fé e
no compromisso com Jesus Cristo e o seu Reino. Sem elas não teremos
verdadeiras comunidades cristãs, e em grande parte, o povo não
conservará a fé católica.
“Na tradição cristã, o ministério da
Palavra é o primeiro ministério, pois é chamado a suscitar a fé e a
educá-la (Rm 10,14-15). Em nosso país, são particularmente numerosas as celebrações dominicais da Palavra, presididas por leigos e leigas que se esforçam por desempenhar esta função na fidelidade ao Evangelho
e atendendo às orientações da Igreja e do bispo diocesano” (cf.
Documento 62 da CNBB nº 160; Diretório para as celebrações dominicais na
ausência de presbítero, da Congregação para o Culto Divino, 10/06/1988;
Documento 52 da CNBB, de 1994).
“A Igreja sempre venerou as divinas
Escrituras como o próprio Corpo do Senhor, não deixando nunca, sobretudo
na Sagrada Liturgia, de tomar da mesa quer da Palavra de Deus quer do
Corpo de Cristo e distribuir aos fiéis o Pão da Vida” (DV 21). Assim
como a Eucaristia, a Palavra também é Pão da Vida. É o próprio Cristo
com a sua Vida, tanto na Eucaristia, como na Palavra (cf. Jo 6,35-63).
Desse modo, “as celebrações da Palavra de Deus não são uma criação das
últimas décadas, mas fazem parte da tradição da Igreja… A finalidade
destas celebrações é de assegurar às comunidades cristãs a possibilidade
de se reunir no domingo e nas festas, tendo a preocupação de inserir
suas reuniões na celebração do ano litúrgico e de as relacionar com as
comunidades que celebram a Eucaristia” (cf. Documento 52 da CNBB,
introdução, p. 06).
Funções
Na ausência de um presbítero, cabe a
presidência da celebração da Palavra de Deus a alguém dignamente nomeado
ou por ele delegado, pois a presidência litúrgica é exercida em sinal
de Cristo-Cabeça da Igreja, que é seu corpo (Ef 1,22-23).
Os diáconos são, portanto, os primeiros
indicados para exercer este ministério na ausência do presbítero. No
entanto, todo cristão, homem ou mulher, por força do seu batismo e
confirmação, pode assumir legitimamente este serviço (cf. Documento de
Aparecida nº 211). Portanto, sejam preparados com uma adequada formação
os diáconos, seminaristas e ministros leigos e leigas para exercerem essa tarefa litúrgica de presidir a oração da comunidade cristã.
Nos lugares onde se tem o costume dos
ministros extraordinários da comunhão eucarística presidirem essa
celebração, recebam eles uma formação específica para que sejam
investidos particularmente desse ministério.
A função de quem preside a celebração é
ajudar o povo a tomar parte de cada ação litúrgica e a viver
interiormente o sentido de cada uma delas, não com discurso, mas fazendo
bem e colocando alma naquilo que faz. Cada um dos gestos e palavras,
tom de voz e atitude de quem preside a celebração da Palavra devem
revelar a ternura do Espírito, de quem recebeu o dom para atuar na
assembléia de irmãos. É assumir espiritualmente a atitude de Jesus que
veio para servir e não para ser servido (Mc 10,45).
Sua tarefa é ser mediador das relações
entre Deus e seu povo reunido para celebrar a fé, e articulador entre os
ministérios e a comunidade celebrante, fazendo das pessoas reunidas uma
assembléia, uma comunidade ativa e participante, um povo que exerce o
seu sacerdócio batismal (1Pd 2,9).
Desse modo, “o papel principal de quem
preside é manter viva a relação dialogal entre Deus e a comunidade
celebrante, entre os ministérios e a comunidade, entre os vários
ministérios entre si” (Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 60).
“Quem preside assume a função de coordenar a celebração. Realiza os ritos próprios da presidência: saudação
inicial (sinal da cruz, saudação bíblica e etc); proclamação do
evangelho e homilia, e convite às preces; proclamação da ação de graças
ou da louvação; convite ao Pai nosso e à comunhão; oração final e bênção” (Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 60).
Vestes litúrgicas
“Na Igreja, que é o Corpo de Cristo, nem
todos os membros desempenham a mesma função. Esta diversidade de funções
na celebração manifesta-se exteriormente pela diversidade de vestes
sagradas, que por isso devem ser um sinal da função de cada ministro”
(IGMR 335). Há veste própria para o presbítero presidir a celebração da
Missa ou outra celebração sacramental, como há também para – na missa ou
celebração – o diácono, para os leitores, ministros extraordinários da
comunhão eucarística, acólitos ou coroinhas, e ministros da palavra que
presidirão a celebração dominical.
Os acólitos, os leitores e os outros
ministros leigos podem trajar alva ou outra veste legitimamente
aprovadas pela Conferência da Bispos em cada região (IGMR 339).
A veste apropriada do diácono presidir a
celebração da Palavra é a túnica branca e a dalmática da cor litúrgica
do dia, ou apenas túnica branca e estola diaconal da cor litúrgica do
dia. A veste apropriada do seminarista presidir a celebração da Palavra é
somente a túnica branca simples.
A veste própria do ministro da Palavra de
Deus deve ser orientada pela Diocese, levando-se em conta o grau e a
cultura local. Quem preside a celebração da Palavra de Deus deve se
diferenciar dos demais – ministros e fiéis – por questões de referência
para a assembléia.
Na escolha da veste mais apropriada, a
Diocese deve tomar cuidado para que não se clericalize nem vulgarize os
ministros da Palavra. “Vestes do tipo jaleco, usados em certas
comunidades parecem menos indicadas para o uso litúrgico, pois podem
recordar demasiadamente vestes usadas por profissionais em tarefas não
litúrgicas” (cf. Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 100).
Verdadeiramente “importa que as próprias
vestes sagradas contribuam também para a beleza da ação sagrada” (IGMR
335). “Convém que a beleza e nobreza de cada vestimenta decorram não
tanto da multiplicidade de ornatos, mas do material usado e da forma
(cf. IGMR 344). Os tecidos e as fibras naturais se prestam para esta
função, pois têm uma boa caída e quase sempre apresentam um aspecto de
sobriedade. Com suas formas amplas, atenua e neutraliza a
individualidade daquele que é vestido, para manifestar sua dignidade e
função” (cf. Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 100).
Lugar da presidência, veste, saudação e bênção…
São muito comum perguntas das comunidades
a respeito do lugar da presidência da ministra ou ministro leigo, se
deve usar uma veste litúrgica, se é o caso de beijar o altar, se pode
dirigir ao povo a saudação “O Senhor esteja convoco (ou: com vocês)”…
Tudo depende do “peso” eclesial que se
atribui a esse ministério. Não há como dar uma resposta generalizada;
Algumas têm preferido não enfatizar demais esse serviços, minimizando,
assim a presidência é considerado um leigo entre os demais, que
provisoriamente assume o serviço. Por isso, não senta na cadeira da
Presidência, não usa veste litúrgica etc. Nas comunidade e diocese que o
serviço da presidência e um ministério reconhecido ou com fiado, e é
exercido com certa estabilidade, quem preside ocupa lugar
perante a assembléia, beija o altar, usa veste litúrgica, saúda a
assembléia co “O Senhor esteja com vocês”.
Muito depende também da dimensão, da
cultura e da sensibilidade da comunidade. Depende ainda do tamanho e do
estilo do local da celebração. Numa assembléia pequena talvez nem haja
necessidade de sinas especiais para designar o serviço da presidência.
Celebrar debaixo de árvore ou ao redor de uma mesa numa casa de família é
bem diferente de celebrar na igreja matriz.
Para decidir sobre esse assuntos, é necessário levar em conta o sentido
de cada sinal. Afinal, o que se quer evidenciar é a presença de Cristo
como cabeça da assembléia reunida. O beijo no altar é sinal de
veneração, respeito e admiração, adoração; evidencia que é o centro da
celebração: não o ministro, mas Cristo, simbolizado pelo altar. A
cadeira da presidência é o lugar de onde Cristo reúne e conduz a
comunidade; dá visibilidade a quem esta presidindo em nome de Cristo. A
veste expressa mais claramente que se trata de um ministério que a
pessoa assume; esta revestida de Cristo para servir a comunidade. Além
disso, principalmente aos domingos, a veste dá um ar de festa. E se as
cores acompanharem os tempos litúrgicos, teremos um elemento visual a
mais para marcar nossa espiritualidade. A saudação “O Senhor esteja com
vocês” estabelece um relação de dialogo entre a assembléia e
presidência; o que não acontece quando se usa a expressão “O Senhor
esteja convosco”, que anula a relação dialogal.
2 Comentários
Tem loja em bh
ResponderExcluirJair.alves. Braga @gmail. Com
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