Tragédia em Mar Grande completa uma semana hoje: 'Está difícil seguir a vida'

Está difícil seguir a vida. Parece que foi um pesadelo", desabafou a atendente e moradora de Mar Grande, Railda Santos Nascimento, ao lembrar da tragédia na Baía de Todos-os-Santos, que nesta quinta-feira (30) completa uma semana. Ao menos 19 pessoas morreram e uma adolescente de 12 anos continua desaparecida.

Na quinta-feira da semana passada, dia 24 de agosto, o que era para ser uma viagem comum da travessia de lanchas entre Mar Grande, na Ilha de Itaparica, e Salvador, se transformou em desespero após a embarcação Cavalo Marinho I virar, cerca de 10 minutos após deixar o terminal de Mar Grande. Alguns passageiros caíram na água e outros ficaram presos na embarcação.

A correria dos moradores da ilha para socorrer as vítimas ainda está na memória de Railda. Ela mora próximo à praia da Gamboa, para onde muitas vítimas foram levadas. "Eu continuo anestesiada. Só em falar é muita emoção. Quando tiravam as pessoas da água, eu pensava: 'Está vivo'. Mas aí quando colocavam o pano no rosto da pessoa, eu já via que ela já estava morta. Todo dia eu tenho que tomar um chá para relaxar e poder dormir", revelou Railda.
Assim como Railda, outros moradores de Mar Grande, ilha que pertence ao município de Vera Cruz, não conseguem esquecer o que ocorreu na manhã do dia 24 de agosto. Todos ainda falam da tragédia com muita tristeza e se solidarizam com as famílias.

Dois dias após a tragédia, os moradores de Vera Cruz criaram um memorial com flores, velas e cartazes na praça principal de Mar Grande. No local, também ficam o terminal marítimo, de onde a embarcação saiu, e a igreja matriz da paróquia Sagrado Coração de Jesus, onde amigos, parentes das vítimas e sobreviventes da tragédia participaram da missa de sétimo dia, na última quarta-feira (30).

Por conta da missa, as lanchas da travessia marítima entre Salvador e Mar Grande encerraram as atividades mais cedo. Partindo da capital baiana, a última viagem ocorreu às 17h30. Já no sentido contrário, partindo da Ilha de Itaparica, foi às 17h. Em comoção, os moradores de Mar Grande relataram que é importante homenagear às vítimas. G1

"Eu acho importante lembrar dessas pessoas de uma boa forma. O jeito como elas se foram foi muito triste, e homenagens são boas para que as famílias se sintam confortadas e abraçadas. A gente sabe que é pouco, mas tem um significado bom, eu acredito nisso", disse a dona de casa Marina da Silva. O professor e árbitro de natação José Benedito, que também faz parte da igreja católica, lembra que estava no ferry boat, indo para Salvador quando ficou sabendo da tragédia.

"Minha filha disse: 'Meu pai, se o senhor estivesse aqui iria para o mar para ajudar'. E eu ia mesmo. É muito triste você ver aquele tipo de situação. Eu não perdi ninguém da minha família de sangue, mas um grande amigo da igreja perdeu o filho Tiago [de Melo]. É triste pra gente ver famílias partidas", relatou.

Para a auxiliar administrativa Maria das Neves, essa tragédia vai ficar marcada na história da ilha, e ela acredita que o povo da região perdeu um pouco da alegria após a situação. "É tão triste ver a ilha, um lugar lindo desse, ser visto nacionalmente, mundialmente, por conta de uma tragédia. Isso não vai se apagar. A sensação que eu tenho é que o sol aqui não vai mais raiar como antes, com o mesmo brilho. Mas acredito que ainda vamos dar a volta por cima", enfatizou Maria. G1

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