O prazo para a conclusão do estudo é novembro deste ano e não está descartada a possibilidade de contratar mais professores. Os especialistas, porém, veem a medida com desconfiança e defendem que é preciso avaliar as alterações com cuidado antes de tomar uma decisão. Para a doutora em Educação e professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Rosemary Oliveira, mais do que a ampliação da carga horária, é preciso que haja uma mudança na formulação das aulas.
“O problema da educação no Brasil é estrutural. A gente pode falar do Ensino Médio, mas ele vem desde como a gente pensa o que é a educação e a importância dela. Precisamos de investimento de verdade, capacitar os professores e repensar como essas disciplinas estão sendo trabalhadas nas escolas”, pondera.
Ela afirma que as pesquisas mostram também que falta criticidade nos estudantes brasileiros, mas acredita que esse déficit é provocado pelo excesso de conteúdo que precisa ser trabalhado em sala de aula. Ela defende que os estudantes devem passar mais tempo em sala, mas fez algumas considerações:
“O certo seria que os alunos ficassem o dia inteiro na escola, então, essa ampliação poderia ajudar nesse sentido, mas como é que vai ser distribuído esse tempo? Os professores que estarão essa 1h a mais vão usar dos mesmos métodos de ensino? O que eu tenho visto dessa ampliação é formação para empreendedorismo”, acrescenta.
O baixo desempenho do Ensino Médio na Bahia consta no Anuário da Educação divulgado anteontem, pelo movimento Todos pela Educação, em parceria com a Editora Moderna. O levantamento mostrou que apenas 4,7% dos estudantes desse ciclo de ensino têm proficiência adequada em Matemática.
Segundo o Todos Pela Educação, o número de professores não licenciados em exatas e que lecionam Matemática ainda é significativo, e isso reflete na aprendizagem dos estudantes. Procurada, a assessoria da SEC não informou o número exato de estudantes, nem de professores licenciados em Matemática nas escolas estaduais.
O Anuário traz também que a Bahia é o 5º estado que menos investe por estudante, são cerca de R$ 3 mil por aluno. A SEC informou que o aporte financeiro por aluno é menor na Bahia na comparação com outros estados por conta da quantidade de estudantes, o que diminui o investimento per capita (por pessoa).
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