
Um estudo publicado pela revista médica britânica
"The Lancet", aponta que pessoas infectadas pelo parasita,
Wuchereriabancrofti, que causa uma doença popularmente conhecida como
elefantíase teriam o dobro do risco de contrair o vírus HVI. “A longa
duração da doença causada pelo W. bancrofti (uma média de 10 anos) cria
uma resposta imune contínua, o que poderia tornar as pessoas mais
suscetíveis à infecção pelo HIV”, disse em entrevista ao portal G1, Inge
Kroidl, especialista em medicina tropical da Universidade de Munique,
na Alemanha, e coautor do estudo. Cerca de 90% dos casos de filariose
linfática, conhecida como elefantíase, que deforma os membros e outras
partes do corpo, são causadas pelo parasita Wuchereriabancroft. A doença
tropical, transmitida por mosquitos, afeta principalmente regiões da
África, onde os índices de infecção por HIV são altos. O estudo foi
realizado entre 2006 e 2011 com 2.699 habitantes do bairro Kyela da
cidade de Mbeya, no sudeste da Tanzânia. Os participantes foram
examinados anualmente durante cinco anos, e foram recolhidas amostras de
sangue, urina, fezes e saliva para fazer testes de HIV e de infecção
pelo Wuchereriabancrofti. Os cientistas constataram, que as pessoas
portadoras do parasita tinham o dobro de possibilidades de ter também o
vírus da Aids e que o impacto era ainda maior entre os adolescentes e os
adultos jovens. No entanto os cientistas ressaltam que a ligação se
trata apenas de uma correlação, e não de uma relação de causa e efeito
provada. Em um comentário na "The Lancet", Jennifer Downs e Daniel
Fitzgerald, pesquisadores da Universidade Cornell, em Nova York,
ressaltaram a urgência em promover outros estudos, afim de confirmar
esses resultados e avaliar o efeito do tratamento da elefantíase na
incidência de infecção pelo HIV nas comunidades afetadas. A OMS
classifica a filariose linfática como uma das cerca de 20 "doenças
tropicais negligenciadas" que afetam coletivamente mais de um bilhão de
pessoas nos países em desenvolvimento. (BN)
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