Como se formam os novos pastores no Brasil



Estudantes de meia-idade andam entre corredores decorados com cartazes que convidam à comunhão com o Espírito Santo. Sem grandes aglomerações, cantorias ou festas com bebida liberada, a Faculdade Teológica Batista de São Paulo difere bastante de um ambiente universitário comum. Lá estão possíveis futuros líderes da religião que mais cresce no país, o protestantismo. De acordo com dados de dezembro de 2016 do Datafolha, três em cada dez brasileiros com 16 anos ou mais são evangélicos. Em 1994, esse percentual era de apenas 14%. Sentada em círculo, a turma de não mais do que 12 estudantes de diferentes denominações evangélicas assiste ao desenrolar de uma encenação entre o professor e um dos colegas de classe. O objetivo do teatro amador é aprimorar técnicas de aconselhamento pastoral dentro das igrejas."Pastor, eu leio a palavra de Deus, mas parece que não me fortalece. Eu tenho pensamentos, desejos e me satisfaço através de alguns sites que eu vejo. Eu perco a salvação por isso?", questiona o estudante de mais de 30 anos que interpreta um jovem de 17. A partir de questionamentos cotidianos que os alunos colhem com os membros das suas próprias igrejas, o pequeno grupo tenta encontrar convergências entre antigas doutrinas religiosas, a Bíblia e o mundo atual. "Não adianta eu colocar as minhas mãos sobre a cabeça desse jovem, orar e falar que o problema e o desejo vão sumir. Isso faz parte da vida terrena. Se eu fizer isso, o garoto não vai mais voltar (à igreja)", afirma o professor-pastor. O curso é composto de muitas disciplinas, além dos estágios, que devem ser cumpridos nas igrejas. E se engana quem imagina a vida teológica como um retiro espiritual concentrado em orações e repetições de versículos da Bíblia. A rotina de estudos no seminário é tão pesada quanto à de qualquer curso superior. (BBC)

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