'Tenho medo de ficar sozinha com as lembranças', diz mãe de garoto morto em Salvador

Seis dias após as mortes do filho e de um amigo dele, baleados em uma estação de trem em Salvador, a mãe do garoto, Cleidiane Santos, ainda não conseguiu voltar para casa. “Eu quero e preciso ir para casa, mas eu tenho medo ficar sozinha com as lembranças. Eu sei que eu tenho outros filhos e é por isso que eu estou aqui, por isso que eu estou tentando resistir. Por isso eu procuro fugas, para poder tentar reagir.”, disse.
 
Cleidson Santos, de 15 anos, e o amigo Deivid Barreto, de 16, foram mortos a tiros por um segurança do sistema ferroviário. O caso aconteceu na Estação Santa Luzia, no dia 27 de abril, quando os adolescentes voltavam da escola, em grupo. As vítimas estavam com um irmão de Cleidson e outros dois amigos, que também foram baleados pelo segurança.
 
O suspeito, identificado como Júlio Cesar de Jesus Perpétuo, foi preso na quarta-feira (3). De acordo com informações da delegada Pilly Dantas, da 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS), que investiga o caso, em depoimento, o segurança confessou o crime, mas alegou que atirou nos adolescentes para se defender, porque vinha sendo ameaçado pelas vítimas. A mãe de Cleidson contesta a versão do suspeito.
 
“Eu sei que no momento que houve lá a discussão ele deve ter dito alguma coisa, porque ele não ia ficar calado. Como o irmão disse que ele perguntou pro segurança: ‘você está ameaçando ele?’, e ele [ó segurança] disse: ‘é, estou sim, quando você voltar vai ver’. Ele [Cleidson] falou. Ele deve ter dito alguma coisa. Mas ele [o segurança] dizer que os meninos vinham ameaçando ele não é verdade”, disse Cleidiane Santos.
 
Segundo o irmão de Cleidson, que preferiu não ser identificado, os adolescentes discutiram com o segurança antes do crime, mas não o ameaçaram. “Os dois tiveram uma discussão, mas uma discussão besta”, contou. O jovem contou ainda que o irmão pediu socorro a ele após ser baleado pelo suspeito, mas ele não teve como ajudar, porque estava tentando se proteger dos tiros. “Na hora que ele mirou para atirar para mim, eu me abaixei. Aí quando eu me abaixei, meu irmão ainda ficou chamando o meu nome. Ele chamou três vezes”, disse.

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